"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário.
E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence."

(Bertolt Brecht)

domingo, 7 de agosto de 2011

Para ouvir

Batedores - Mundo Livre SA (álbum Por Pouco) 

Composição: Bactéria, Fred Zero Quatro, Goró, Marcelo Pianinho, Xef Tony.


Os computadores das mega corporaçãoes trabalham full time, 
dia após dia. Seus altos executivos circulam num mundo de 
fanatismo e devoção, venerando o onipresente deus Nike. Mesmo quando deveriam estar de folga, eles não param de pesquisar. Investigando as ruas, buscando novas pistas. Há décadas eles vêm comprando e subornando congressistas, democratas, modernos, liberais, patrocinando campanhas presidenciais, financiando planos de governo, armando, tramando novos consórcios globais que assumem rapidamente o controle de imensos e estratégicos patrimônios estatais - enfim, conquistando pequenos, médios e grandes mercados emergentes, em todos os continentes, aquilo que antes chamávamos de países.

Renegado, batedor sou

Não, não, não estamos falando só de macroeconomia ou geopolítica. Estamos falando de mutações, instituições, partidos, valores e concepções (religiões, no final das contas) que se anulam ou se reciclam vulgarmente a cada rotação da terra. De almas e mentes mutantes. Dos abjetos seres PDM – Portadores de Deficiência Moral.

Renegado, batedor sou

Mas exibindo seus reluzentes celulares digitais, palmtops, para-brisas blindados e bonés Nike, esses são apenas os patéticos vilões da nossa história. Para enquadrarmos os heróis, temos que deslocar o cenário. Visualizemos uma zona metropolitana de um mercado decadente, berço de um verdadeiro exército de desajustados batedores. Becos da fome... Cassetetes... Escopetas... Nesse ambiente hostil, a senha para a sobrevivência consiste numa resposta equilibrada para um recorrente conflito.

Renegado, batedor sou

De um lado a duvidosa e farsesca resistência das consagradas tradições, e de outro a perigosa sedução das antenas. Mas o batedor não come na mão de ninguém, não rezamos na cartilha dos nikemen, nosso combustível é som. Não aquele contaminado, que as donas de casa disputam nas prateleiras de ofertas dos grandes magazines incorporados, só porque já ouviram um milhão de vezes nos Nike espaces, templos sagrados de Sir Nike, que nunca serão atingidos por mísseis perdidos.

Renegado, batedor sou

Sentimos de longe o cheiro da diluição incorporada. Estamos sempre nas quebradas e temos o poder de absorver só a batida que jamais fica batida.


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